A Arte de Colecionar Figurinhas

O colecionismo é a prática que as pessoas têm de guardar, organizar, selecionar, trocar e expor diversos itens por categoria, em função de seus interesses pessoais.
Nas linhas a seguir, está transcrito um texto assinado por Ariel Schneider em outubro de 1997 que muito traduz a arte de ser colecionador:
"Alguns modelistas encontram problemas com a namorada, noiva ou esposa. Outros com o pai, com a mãe ou mesmo irmãos. Quase sem exceção, a maioria encontra problemas com a empregada ou com a diarista, estas sempre com a nobre intenção de tirar o pó de um modelo que já está na prateleira há muito tempo ...
Casos os mais diversos, como aquele modelista que faz buracos no jardim, coloca a caixa com o kit dentro e cobre com a leiva de grama, para depois, às vezes até na madrugada, buscá-la. Outros colocam dois ou três modelos em uma mesma caixa ... Outros ainda deixam a caixa no carro, atrás do sofá, na prateleira da garagem. Sem esquecer que com a ajuda da namorada, já houve caso dela subir no teto do carro e passá-la através da janela do quarto para que a mãe não visse.
Cuidados com o modelo já pronto também exigem algumas perícias, principalmente quando chegam os sobrinhos. Ou o amigo adulto com dedos de alicate ... Enfim, são inúmeros os casos!
O colecionador de selos, de figurinhas, ou de quaisquer outros objetos colecionáveis também sofre algo parecido. As gozações dos amigos e parentes, principalmente aqueles que não têm um senso modelista ou colecionista. A maior das vezes somos para eles ainda crianças, não tendo o que fazer ou deixando de se preocupar com coisas mais importantes.
Eles esquecem que tanto o modelista como o colecionador mantêm sim o espírito de criança. A criança tem uma norma natural de trocar de brinquedo ou de folguedo, não ocorrendo um desencanto pela sistematização ou repetição. Ao trocar de folguedo - bolinha de gude, peteca, figurinhas, pião, peças de armar, etc. - ela não cansa, não “enjoa”, procurando sempre coisa diferente, voltando ao mesmo brinquedo lá adiante. Este ciclo faz desenvolver tanto os conhecimentos da criança como os limites, desde que seja bem orientada pelos pais ou responsáveis, quanto ao tempo de estudo, de brincadeira, de alimentação, de descanso, etc.
Portanto, o modelista (e o colecionador) tem ativa esta vivência, já que o adulto deve manter o seu trabalho como base do sustento dele e da família. Nas horas de folga, lá vai ele para os seus modelos, suas figurinhas, seus selos, por que não? Além de ser um viciado em sua mania, ele mantém um acervo de conhecimentos maior, um relacionamento maior, adquirindo, como conseqüência, maiores condições de desenvolvimento mental e social.
Colecionar é guardar para preservar, escrevi em 1976, todos os três verbos interligados com um só objetivo: manter um pouco da história de cada coisa, seja através do modelo em miniatura, do brinquedo, da figurinha. Onde estão as figurinhas do Chico Fumaça, Balas Atlas, Balas Armas, Zequinha, Zequinha do ICM do Paraná, ICM dos Estados brasileiros, Sabonete Lever, Sabonete Eucalol, Cigarros Castellões, Cigarros Sudan, e tantas outras, assim como os nossos brinquedos de criança? Todos eles contam uma história, seja das própria peças, das fábricas, dos produtos que ofertavam, enfim a História da história que mostravam ou a nossa própria história dos tempos de infância. O que se esqueceu aí foi o principal: a preservação. E esta estende-se a tudo, não só aos brinquedos, figurinhas ou cartões telefônicos magnéticos, mas muito além, como as locomotivas, os carros, os talheres e louças, estes apenas como exemplos materiais, e os animais, as árvores, os peixes, estes como exemplos de espécies de vida.
Quando alguém guarda coopera para preservar a História. Quando alguém rasga, quebra ou simplesmente joga no lixo, está deixando de preservar a História.
O tempo de verbo que muito me entristece quando falo a alguém sobre uma revista, figurinha, caixa de fósforo, lápis de propaganda, recebo como resposta: - Éééh... Eu TINHA!!”


Abaixo está a história da coleção de figurinhas contada de forma cronológica:

1875 – Aparecimento de Figurinhas nas embalagens do extrato de carnes Liebig. Trata-se de 4 figurinhas com imagens da fábrica de extrato de carnes Liebig na cidade de Fray Bentos, no Uruguai. Estas figurinhas foram impressas por Clamaron, Paris.
1878 - Surgimento de Figurinhas em maços de cigarros.
1895 - Lançamento da série “Marinha brasileira” feita pela manufatura de cigarros França&Mursa, SP.
1934 - Aparecimento do primeiro álbum de figurinhas específico para coleções: A Hollandeza. O segundo álbum é de 1936.
1949 - Surgimento do primeiro álbum com figurinhas vendidas em envelope. Trata-se da Branca de Neve e os 7 Anões da editora Vecchi.
1989 - Defesa da 1ª. Tese de mestrado sobre álbuns de figurinhas de Paulo Cézar Goulart na ECA-USP.
1980 - Primeiro catálogo sobre figurinhas por editora de Nilo Sérgio de Oliveira.Em 1995 ampliou e atualizou estas informações.
1993 - Aparecimento da 1ª. Relação de álbuns por ano de lançamento de Leila Dias Oliveira.
1997 - Surgimento do catálogo de álbuns de figurinhas por ano de editoração da Prof. Margarida N.Menezes, com 1793 álbuns selecionados até agosto de 1997.
1999 - Surgimento na Feira dos Colecionadores do Rio de Janeiro do primeiro álbum de capas, num total de 12, com álbuns da coleção Nilo Sérgio de Oliveira e fotos de Alberto Moreira.
2002 - Primeiro artigo sobre álbuns de figurinhas publicado na Internet, sobre a história de um colecionador, de autoria de Paulo Bodmer.



Primeiro álbum de figurinhas brasileiro
A Hollandeza
São dois álbuns da Hollandeza. O primeiro de 1934 e o segundo de 1936. É um álbum extraordinário, cheio de cultura e informação. Apenas alguns colecionadores possuem os dois volumes. Há um artigo de época sobre o mesmo, mostrando que as figurinhas se valorizavam mais que a bolsa de valores.
Textos coletados de:

http://www.brasilcult.pro.br/figurinhas/figurinhas.htm


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